JULHO DOURADO: Saúde intensifica ações de orientação sobre animais e prevenção de zoonoses

Por Rafisa Ramos
 
Com a Lei Estadual nº 19.472 de 2018 foi instituído no Paraná o “JULHO DOURADO”, um mês inteiro voltado para a reflexão, promoção de eventos sobre a saúde de animais de rua, domésticos e de estimação, e também sobre a importância da prevenção de zoonoses. A Prefeitura Municipal de Ponta Grossa já está realizando ações de incentivo e orientação.

Devido a pandemia do novo coronavírus e o receio da doença ser transmitida pelos animais, em várias partes do mundo, foi relatado o aumento do abandono de cães e gatos. Sendo que até o momento não houve confirmação da transmissão do vírus pelos animais. “Os cães e gatos em situação de rua ficam suscetíveis a fome, frio, zoonoses, reprodução descontrolada, agressões tanto de outros animais, como do ser humano e outros acidentes, como atropelamentos”, comenta a residente em medicina veterinária, Julia Kivel.

Mesmo os animais que possuem tutor e um lar, precisam de cuidados para ter qualidade de vida e ter seu bem-estar garantido, ou seja, necessitam de uma guarda responsável. Isso inclui as cinco liberdades do bem-estar animal: ser livre de fome e sede, livre de dor e doenças, livre de desconforto (em um ambiente com abrigo e adequado a sua espécie), livre de medo e estresse e liberdade para expressar seu comportamento natural. “Por isso, antes de levar um animalzinho para casa é muito importante refletir se será possível dar todas as condições necessárias para que tenha uma vida confortável, além de conversar com a família a respeito se todos estão de acordo com um novo membro”, completa Julia.

Muitas pessoas ainda não estão habituadas com o termo zoonoses, e ficam em dúvida do que se trata. São doenças que podem ser transmitidas do animal para o homem ou do homem para o animal. Algumas das zoonoses mais conhecidas são a raiva, toxoplasmose, leptospirose, leishmaniose. “Por isso a importância do médico veterinário na saúde pública trabalhando educação em saúde e manejo ambiental, pois mesmo pessoas que não possuem um animal de estimação estão sujeitas a zoonoses devido a relação ser humano-animal-meio ambiente ser dinâmica e complexa”, explica o coordenador do departamento de zoonoses e médico veterinário, Leandro Inglês.

Durante todo o mês de julho serão trabalhados diversos temas de importância para a saúde pública, abordando conteúdos relevantes não apenas para aqueles que possuem algum animal em casa, mas também para a população de todo o município. A intenção é fazer com que a população conheça e respeite os animais que dividem a cidade com os humanos.
 

Atividades desenvolvidas gratuitamente pelo município
 
 
O município de Ponta Grossa possui projetos e ações que visam a saúde tanto dos animais de rua quanto dos que possuem tutor, além de atividades que envolvem as zoonoses. O Programa de Controle Populacional de Cães e Gatos tem como objetivo a castração de animais de tutores hipossuficientes economicamente. Além disso, o Castramóvel faz um trabalho complementar, castrando animais em situação de rua e colaborando com o projeto de acompanhamento de pessoas acumuladoras de animais.

“A castração promove diversos benefícios não apenas para o animal, mas também para a população como um todo. O procedimento evita prenhez indesejada, reduz fugas, agressividade, comportamento territorialista, risco de câncer e aumenta a longevidade de cães e gatos”, destaca Julia.

O projeto de acompanhamento dos acumuladores de animais e/ou de materiais inservíveis visa prestar atendimento e amparo para os munícipes que apresentam transtorno de acumulação e tutelam um número elevado de cães e gatos. Devido à grande quantidade não conseguem proporcionar qualidade de vida a todos eles, por isso, e juntamente com outros órgãos municipais, essas pessoas são acompanhadas, orientadas e auxiliadas a respeito de sua saúde e dos animais.

Em 2019 o serviço de resgate de animais em situação de rua recebeu a Patrulha Animal, uma ambulância adaptada para os atendimentos de animais que não possuem tutor, e que estejam em alguma situação de risco a vida. “O objetivo é atender urgências e emergência, como atropelamentos e também de zoonoses. Os munícipes fazem a solicitação de atendimento dos animais através dos telefones do CRAR, da Coordenação de Zoonoses, ou no horário de plantão, via Guarda Municipal. A equipe se desloca até o local e o animal é coletado e levado ao CRAR”, esclarece Leandro.

O Centro de Referência para Animais em Risco (CRAR), também conhecido antigamente como canil municipal, é um abrigo transitório para os animais coletados pela Patrulha Animal. As espécies mais atendidas são caninos, felinos e equinos. Eles recebem tratamento veterinário, os cães e gatos são castrados e todos os animais ficam disponíveis para adoção. Em casos que o animal possui um responsável, mas foi constatado maus-tratos e há risco de morte, o mesmo é recolhido e permanece no CRAR e é disponibilizado para adoção responsável. Além de serem tomadas as medidas cabíveis por lei, em ação conjunta com a Guarda Municipal.

A Coordenação de Zoonoses vistoria e acompanha casos de zoonoses, acidentes com morcegos, escorpiões, aranhas e lagartas urticantes, tanto em animais quanto em humanos. Em ação conjunta com outros departamentos do município, é realizada a vistoria de criação indevida de animais em área urbana, denúncias de maus-tratos a animais, ações de combate as arboviroses (dengue e febre amarela) com os Agente Comunitários de Endemia (ACE), educação em saúde, principalmente com ações nas escolas municipais e estaduais.

Além destes projetos, Ponta Grossa conta com o Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva, que atualmente conta com 14 profissionais médicos veterinários que estão inseridos em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e outros setores. Dessa forma levam informação e trabalham ainda mais próximo da comunidade. “Como uma das formas de se aproximar da população e divulgar as atividades realizadas pelos médicos veterinários inseridos na Prefeitura e divulgar conhecimento através de educação em saúde, foram criadas as redes sociais (Facebook e Instagram) do CRAR, que também tem contribuído para aumento da adoção dos animais atendidos pela equipe”, diz o coordenador do Núcleo de Atenção Permanente (NEP), Carlos Eduardo Coradassi.